12.10.10

O cara é um animal...


Depois de alguns dias sem postar, eu teria todos os motivos e temas possíveis para - sempre mal e porcamente - discorrer. Porém, minha vida gira em torno de treinos que se dissolvem - bem ou mal - na participação em alguma competição de triathlo de longa distância.
Porém, como no último sábado rolou a grande final mundial do Ironman, na ilha de Kona, Havaí, e, infelizmente eu fiquei muito longe de conseguir uma vaga, a única coisa que posso escrever à respeito aqui é sobre um 'animal' chamado Ciro Violin.
Animal é um adjetivo que, desde que Osmar Santos passou a chamar o jogador de futebol Edmundo assim, se tornou - de certa maneira - uma homenagem. E o faço aqui, agora, é isso também.
Detesto 'puxa-saquismos', detesto babação de ovo e toda e qualquer manisfestação desse tipo. Mas desta vez, vou me contradizer e fazer isso de uma maneira ou de outra.
O que esse 'sujeito' fez no Havaí é algo espetacular e deve ser louvado, ovacionado, reverenciado, aplaudido de pé, homenageado, ou qualquer outra forma de reconhecimento que possa - e deva - ser feita.
Conseguir se classificar já é um feito mais do que louvável. E ele já havia conseguido isso ano passado, digamos, com certa folga.
Este ano, para quem acompanha os relatos que ele faz em seu blog (http://www.cirotriatleta.blogspot.com/), ele teve todas as dificuldades possíveis e, mesmo assim, superou-as e foi buscar a vaga de maneira heróica. Só de ter que trocar as câmaras furadas por pelo menos três vezes (se não me engano) e ainda conseguir a tal vaga numa das categorias mais difíceis (30-34), já dá o tom da capacidade de superação e a quantidade de determinação que esse cara carrega nas veias.
Só para se ter uma idéia, eu considero que fiz um pedal muito bom aqui em Floripa para quem é um simples amador e fechei o ciclismo com 5h e 10 min. O Ciro passou por mim 2 vezes durante o ciclismo e ainda assim sumiu do meu campo de visão. Mesmo que eu pedalasse de binóculos, não seria possível conseguir enxergá-lo.
Mas isso não é nada. Existe uma "lenda" que diz que, se você faz tal tempo aqui no Ironman de Floripa, você pode acrescentar mais 1h e 20' até 1h e 40' no Ironman do Havaí. E isso, se você treinar muito. Mas muito mesmo!
Bom, no caso do Ciro não podemos levar essa "lenda" em consideração, pois ele passou por apuros aqui no Brasil. Mas é aí que entra a "animalidade" do cara.
Não sei se ele acumulou psicológicamente uma certa frustração - transformando-a depois em capacidade física e mental para superar toda essa dificuldade em benefício próprio, é óbvio - fazendo com que tudo fosse descarregado na prova da ilha de Kona.
Acontece que o 'animal' não só baixou seus melhores tempos, mas fez uma prova abaixo das 9 horas no local mais difícil para desempenhar as próprias capacidades! Isso parece pouco? Então, anote em seu caderninho e guarde para a eternidade: o Ciro foi CAMPEÃO MUNDIAL da categoria 30-34 e foi VICE-CAMPEÃO AMADOR GERAL!!!!!Chegou 5 minutos atrás de Norman Stadler!!! Não sabe quem é? Era só um dos favoritos para levar o caneco e foi vencedor dessa prova em 2004 e 2006. Só isso! Vou insistir e dizer que no mundo só existe um cara amador - que por sinal não me interessa o nome - que é melhor do que o Ciro!
A única coisa que tenho a dizer é que tenho um orgulho enorme de me considerar amigo de um cara humilde e mais do que determinado que é CAMPEÃO MUNDIAL do esporte que eu pratico e mais amo na minha vida.
Desculpem a babação de ovo, a pagação, o puxa-saquismo, mas conseguir o que esse cara conseguiu não é para qualquer um. Aliás, é para quase ninguém.
Cirão, que Deus te abençoe, e que a sua nova empreitada, como um atleta profissional, também seja repleta de conquistas. Repito e reforço o que já disse em seu blog : você é exemplo de determinação e de amor ao esporte para todos que o praticam. Parabéns, mesmo!!!

23.9.10

O corpo no limite



Segue aqui mais uma - das pouquíssimas que dou - sugestão de leitura que está relacionada ao desgaste físico. O escritor, um médico cirurgião, especializado em microcirurgias, chamado Kenneth Kamler, relata diversas situações em que o corpo humano é colocado em condições extremas.
O livro O Corpo No Limite - Uma viagem aos extremos da resistência humana, nos leva a conhecer como o nosso organismo reage em locais como o deserto, à deriva em alto-mar, em grandes altitudes e etc.
Por ter sido médico de expedições científicas às mais inóspitas regiões do mundo, Kenneth Kamler conta como o corpo humano reage a riscos para os quais não está tão bem preparado- pois são acontecimentos mais do que inesperados - e, mesmo assim, milagrosamente consegue escapar.
Para os que praticam esportes de resistência, há o relato da Ultramaratona Badwater, onde os competidores são instruídos a correr pisando na faixa branca que limita o asfalto, para que o calor do mesmo não derreta as solas dos tênis.
São tantas e tão fascinantes as histórias, que esta pequena passagem que relatei, é um grão de areia no deserto, já pedindo desculpas pela piada infâme.
Maratonistas, ultramaratonistas, triatletas, mergulhadores, ciclistas, médicos, qualquer outro esportista, qualquer outro profissional ou mesmo aqueles que tem curiosidade sobre o que e como somos capazes de reagir em busca da sobrevivência, devem ler este livro.

Ele pode - com muita dificuldade, pelo que andei pesquisando - ser encontrado nas melhores e nas piores livrarias. Custa em média R$53,00 e é uma publicação da Ediouro Publicações S.A. (http://www.ediouro.com.br/).

14.9.10

Determinação às avessas

Há muito tempo eu não tinha uma contusão séria. Eu até me orgulhava - calado - de ter esse 'status'. Treinei forte, fiz 2 ironmans, uns 5 meio ironman e algumas outras corridas. Treinei forte até mesmo quando não tinha competição para participar. Mas acho (tenho quase certeza) que agora estou pagando um preço por não ter me dado o descanso suficiente nos momentos corretos.
O mais curioso é que no feriado de 7 de setembro, viajei com a família - e jurei para mim mesmo que não treinaria - para tirar umas férias dos treinos, pois eu já estava sentindo alguns sintomas de 'overtrainning'. Quando voltei, no dia 8, treinei bem leve e segui assim até o último domingo. O máximo que fiz, foi um treino de 94 minutos de spinning no sábado, dia 11. No domingo, sai para uma corrida de 45 minutos, que foi praticamente uma caminhada. Até aí, tudo bem. Descansei o máximo possível para recomeçar os treinos visando algumas competições, as quais eu ainda teria que decidir 2 entre 4.
Fui dormir no domingo com uma leve dor no pé direito, bem próximo ao dedinho, mas que não incomodava. Já de madrugada, acordei com meu filho chorando e ao levantar para ir ver o que estava acontecendo, eu praticamente não conseguia pisar o chão. Foi uma dificuldade enorme ir até o quarto dele. Pisei com o calcanhar na ida e voltei aos pulos com a outra perna, pois já não agüentava de dor.
Voltei a dormir um pouco incomodado, mas consegui descansar mais um pouco. Porém, ao acordar pela manhã, era impossível encostar até mesmo o calcanhar no chão. Levei o meu filho prá escola e fui direto a um P.S.. Lá, depois de feito um Raio X, nada foi constatado, mesmo com o pé inchando a cada minuto. O médico sugeriu que para conseguir um diagnóstico mais apurado, eu deveria fazer uma Ressonância Magnética, pois, se houver uma fratura por estresse, só com esse exame ela poderá ser detectada.E disse que, se na R.M. nada for constatado, o único diagnóstico é uma tendinite.
O mais difícil de tudo isso é ficar esperando uma data para realizar o exame, sem saber o que realmente aconteceu. E pior ainda, é ficar sem poder fazer absolutamente nada, com o pé para cima e fazendo sessões de gelo a cada 2 horas. Até na última madrugada eu fiz.
Agora, a única alternativa que tenho é ter muita determinação, até que eu possa descobrir o que realmente aconteceu. Da mesma maneira que tenho (temos) que ter muita determinação para treinarmos e atingirmos nossos objetivos, terei que ter uma determinação (às avessas) para ficar quieto.
Assim, com uma perna só e de muletas, caminha a humanidade.

2.9.10

Green Race


Uma das coisas que eu mais gosto de fazer, é participar de competições em locais que eu não conheço. Ou se conheço, gosto quando chego ao lugar, e logo percebo que algumas coisas mudaram para melhor.
No último domingo, aconteceu aqui em Jundiaí uma ultramaratona (50 km) Green Race (www.greenrace.com.br), em um percurso sem praticamente nenhum asfalto. Tanto é, que o lema da prova diz: "A Corrida Fora do Asfalto". Havia um pequeno pedaço de asfalto perto do retorno dos 25 km, que na verdade não dá para ser levado em consideração.
Mesmo a corrida tendo acontecido no "quintal de casa", eu não conhecia esse percurso. A Serra do Japi é um lugar lindíssimo, com muita mata e uma tranquilidade incrível. Passo muitos dos meus finais de semana por lá e muitas vezes o 'barulho' que o silêncio faz, chega a incomodar.
Eu acabei não participando da corrida, pois estou com uma lesão no calcanhar direito que ameaça 'subir' para o tendão.Corri 30 km bem de leve e, mesmo assim, quase estourei a outra perna, pois jogava o peso para o lado esquerdo, tentando evitar que aumentasse a dor no calcanhar. Tudo isso fruto de uma vontade incontrolável que tive em voltar 20 anos no tempo e andar de skate. Muito provavelmente terei que abandonar mais esse esporte. Afinal, não tenho mais os 16 anos que tinha quando andei pela última vez.
Voltando à competição, por ter sido a primeira, podemos considerá-la boa. Havia a categoria solo 50 km (masc./fem.), 10 km (masc./fem.), caminhada de 5 km e o revezamento dos 50 km. Pelos relatos que ouvi ao final, o único problema existente, foi uma falha na hidratação nos 50 km solo. Os 4 primeiros colocados ficaram sem água justamente no trecho mais difícil do percurso e ao questionarem alguém da organização do porque da falha, ouviram que não era esperado que eles chegassem tão rápido ao local. Lamentável, para dizer o mínimo. Felizmente, essa falha não prejudicou o desempenho do pessoal.
O vencedor fechou a prova em 3horas e 51 minutos, fazendo um pace de 4'27"/km. Fernando Beserra da Silva, de 28 anos, é gari e disse que até fica fácil correr, pois o treino é o trabalho e vice-versa.
No feminino, quem ganhou foi Maria Cláudia Ferreira Souto, de 38 anos, e fechou a prova em 5h15' (pace de 6'17"/km).
Conversando com alguns dos participantes dos 50 km solo, fiquei surpreso ao ouvir que o percurso da prova Bertioga-Maresias é 'fichinha' perto desse. Realmente, a Serra do Japi - assim como toda serra - é um local de um sobe-desce interminável. Fica aí a dica para quem quiser treinar para ultramaratonas, ou mesmo para provas mais duras que sejam fora do asfalto. E que a BrasilWild continue organizando e realizando essa prova em outras oportunidades.