17.2.10

Em um dos últimos posts - não me lembro qual e estou com preguiça de pesquisar - eu falei sobre a hidratação e quanto ela é importante no desempenho durante treinos e competições.Não falei nada de mais, nem fui a fundo no assunto.Mas deveria ter feito! Deveria mesmo, é ter me informado muito mais sobre isso, por mais incrível que possa parecer. Depois de quase 10 anos fazendo triathlon, foi a primeira vez que senti algo assim.Para ser totalmente sincero, foi a primeira vez na minha vida que senti uma dor tão grande e tão desesperadora.
Tudo começou depois de eu ter pedalado 106 km - de 120 km que eu tinha programado como treino -, na maior parte na Rodovia dos Bandeirantes, sob um sol de 30°C (ou mais) e com uma média de velocidade de 37km/h. Acontece que eu fiz um percurso, no início, com muitas subidas e descidas, todas curtas, mas que não me permitiram fazer uma média de mais de 29,5 km/h, em um trajeto de pouco mais de 9 km.Portanto, para conseguir alcançar essa média final nos 106 km, eu tive que aumentar bastante a velocidade nos 97 km que eu realmente pedalei com características de contra-relógio, que é o que interessa.Porém, ao atingir os 105 km, comecei a sentir muito cansaço e falta de força nas pernas. Como eu ainda tinha quase metade de uma caramanhola cheia de VO2, bebi mais um pouco e continuei na esperança de logo retomar um pouco das forças que me levariam até o ponto de partida. Iria pedalar mais uns 6 ou 7 km na Via Marginal da Anhangüera e depois os mesmos 9 km de sobe de desce que já havia feito no início. Como a minha intenção era 'soltar' nos últimos 12 a 15 km, fiquei tranquilo e nem me preocupei em fazer média horária. Foi aí que fui pego de surpresa.
Na primeira subida, que deve ter no máximo uns 200 m, mas com uma inclinação entre 15° e 20°, eu comecei a sentir cãibras na parte interior da coxa direita.Fui insistindo, fazendo muita força e sentindo dificuldades de respirar.De todas as vezes que fiz esse percurso, jamais cogitei a possibilidade de entrar em uma das ruas que cruzam essa via/ladeira em que eu seguia. Dessa vez não teve jeito.Entrei nas três, dei uma pedalada para recuperar a respiração e um pouco da consciência que, por vezes, parecia que eu ia perder. Passada essa primeira "pedreira", fiquei um pouco mais aliviado, pois vinha uma boa descida e logo depois uma reta de aproximadamente 500 m até chegar em outra pequena subida, outra parte plana e aí sim uma outra subida um pouco mais puxada.Passei por ela relativamente tranquilo, se comparada com a primeira. Mas mesmo assim, eu sentia que a perna não iria agüentar mais outro esforço igual. As cãibras já haviam ameaçado aparecer com muita força e, a sensação que eu tinha, era de que eu tinha enfiado a cabeça dentro de um forno à lenha e tentado respirar fundo.Mas insisti, passei, e quase parei e desci da bike. Só me restava mais uma subida um pouco mais íngreme, de no máximo 100 m. Recuperei o fôlego mais uma vez na última 'descidinha', embalei, comecei a subir e fui... pro mato. Só me lembro de ter tido a consciência de desencaixar os pés do pedal e ir tentando achar o chão para tentar me equilibrar. Eu não conseguia respirar, as pernas doíam demais e ficou tudo preto à minha frente. Pude ouvir apenas o barulho de um carro passando, enquanto eu tentava enxergar alguma coisa. Tateei a bike para achar a caramanhola com um resto de VO2 que mais parecia mijo de vaca. Nunca bebi mijo de vaca, mas o aspecto e o cheiro eram muito semelhantes.Respirei fundo, retomei a consciência e, para o meu alívio, eu já estava muito próximo do meu carro. Esses 200 ou 300 m restantes eu fui a pé, empurrando a bike, pois eu não consegui montar. Qualquer outro movimento, que não fosse o de andar para frente -  sem praticamente dobrar as pernas, como se estivesse imitando o andar de um robô - bem devagar, me causaria um colapso.
Cheguei no carro (que mais parecia um forno ambulante), tirei a roda da frente da bike, abaixei o banco traseiro, coloquei a bike e, para não queimar os pés descalços no asfalto fervendo, pulei para dentro do carro. Ao pisar no acelerador, quase que a perna direita travou. Alonguei o máximo que pude e senti um alívio. Eu estava a 1,5 km de casa e praticamente não troquei de marcha. Se eu tirasse o pé do acelerador, seria o suficiente para voltar a cãibra.Cheguei! Aliviado, pensando apenas em me hidratar muito e dar um mergulho na piscina o mais rápido possível. Abri a porta e desci com todo cuidado do mundo. Pra que? Eu senti uma dor que, a única maneira de descrever, é a de que parecia que estavam enfiando uma faca um pouco abaixo da virilha, na parte interna, e rasgando até um pouco acima do joelho, cada vez mais fundo. Comecei a chamar alguém desesperadamente para poder me ajudar. Como a cãibra é uma contração involuntária do músculo, o sangue todo vai para onde a contração está acontecendo no 'intuito' de facilitar essa contração. O pouco de sangue que irrigava meu cérebro para manter minha pressão estável, se foi. Eu 'meio' que apaguei sentindo dores desesperadoras na perna e, o pouco que eu conseguia me alongar, não adiantava para nada.
Não sei como, mas de repente, me vi retomando a consciência, sentado de cócoras e sem cãibra na perna. A minha frequência cardíaca estava a mesma de quando acabo um tiro de 1 km com força total. No lugar onde tive a cãibra, ficou uma forte dor, inchado e levemente roxo. Corri no dia seguinte bem devagar com medo de estourar alguma coisa.
A semana foi muito produtiva e o carnaval, o melhor da minha vida!

Segunda-feira: 1 h de spinning + musculação.
Terça-feira : 2 h de bike com 3x10' muito forte (relação pesada)x3' solto + 35' com séries de 1' sprints a cada 3' e 10' de corrida bem leve;
Quarta-feira: 3.100 m de natação com tiros de 4x200 variados + 1h15' de corrida, sendo 35' progressivos + 3x1 km na subida/ladeira;
Quinta-feira: 53 km de MTB com muito, muito, muito giro e média de 29,5 km/h + 10' de corrida leve;
Sexta-feira: 3.000 de natação com 10x100m a cada 2' + 1h de corrida moderada;
Sábado: 10x3' de natação 'no lugar' + 40' de corrida bem leve na grama;
Domingo: 110 km de bike estrada conforme relatado acima;
Segunda: 1h35' de corrida bem leve;

Fui...         

Um comentário:

  1. E aí Brunão?
    Muito legal seu X! Parabéns!
    Vi seu treinos e esse Ironman vai ser moleza hein? hehehe
    Só não pode esquecer que o corpo precisa de agua e nesse calor insano mais ainda. Abusa não!
    Abraço
    Tonhão
    @antoniocolucci

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